Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho satiriza a Copa Do Mundo, tecendo um paralelo com a estratégia política do “Pão e Circo” do Império Romano e completa com algumas divertidas curiosidades sobre os termos “soccer” e “gandula”.
Publicado resumido no Jornal O SERRANO, Nº 6332, de 25/11/2022
Quando se tem campeonato de futebol, é difícil não pensar na antiga política do Império Romano: basta fornecer “pão e circo” para se manter indefinidamente no poder.
Além da famosa música da Tropicália, “Panis et Circenses”, dezenas de livros e teses associam a política “burguesa” como adepta dessa estratégia; contudo, sejamos sinceros: todos os governos a utilizam, independentemente de ideologia.
Basta lembrar que a “guerra fria” entre EUA e URSS incluía os esportes: quanto mais medalhas, maior a demonstração de poder.
O cenário de nossos dias é mais sutil: temos um país sede da Copa Do Mundo, em plena estratégia publicitária para melhorar sua polêmica imagem no exterior e diversos governos aliviados por propiciar o “circo” apaziguador de massas.
E, claro, como mandatário da atualidade, há o interesse financeiro das grandes empresas esportivas (até os atletas se tornam verdadeiras “marcas”), dos veículos de comunicação, dos times, federações, que angariam quase todo o montante do dinheiro.
No outro extremo, temos a pessoa comum que tem a oportunidade passageira de levantar alguns trocados a mais, ofertando produtos e serviços para os torcedores.
Considerando que a maioria das atividades produtivas de um país não está relacionada ao futebol, nem será de admirar que a Copa cause mais prejuízos do que benefícios.
Enfim, em consideração à maioria de nós, que tão somente deseja alguns momentos de diversão e, já que o pão eu não posso dar, vamos de “circo”, com mais estas duas divertidas curiosidades:
Nos Estados Unidos, nosso esporte maior foi inicialmente denominado “Football (pé + bola) Association” e, devido à “lei do menor esforço”, diminuiu para “association”, que por preguiça ainda maior, virou “assoc”, que “involuiu” na gíria “soccer”, sendo este o nome que “vingou”!
Em 1939, Bernardo Gandulla era jogador do Vasco da Gama; porém, como nunca era escalado, buscava ser útil devolvendo a bola, sempre que esta saía de campo. Desde então, seu sobrenome virou adjetivo para todos na mesma função!