A FOTOGRAFIA COMO RECURSO NA TERAPIA
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Faz alguns anos, decidi somar duas de minhas paixões: a Terapia Holística e a Fotografia.
Na verdade, esta fusão já vem sendo realizada, com sucesso, em todo o mundo.
Esta proposta é conhecida pelo nome de Fototerapia e seus entusiastas fazem questão absoluta da distinção: fotografar, por si, é terapêutico; outrossim, apenas essa etapa não se trata de uma TERAPIA, em si.
O objetivo é utilizar a fotografia como mais um instrumento de acesso ao inconsciente de nossos Clientes.
Enquanto alguns conseguem “se abrir” com maior facilidade em nossos atendimentos, igualmente há aqueles que apresentam maior resistência em expor seus sentimentos, em contar sobre sua vida…
Não raro, mesmo os que se dispõem a interagir, nem sempre conseguem ir além das histórias de rotina, mantendo-se nos limites superficiais de cada pauta.
Justamente para superar estes obstáculos é que necessitamos de caminhos tangenciais, que contornem a resistência do racional, preferencialmente algo lúdico.
Por exemplo:
Perante a natural dificuldade de uma criança em nos contar sobre o que ocorre em sua família, possivelmente obteremos mais dados para trabalhar, se lhe fornecermos brinquedos que “espelhem” papéis (pai, mãe, irmãos, etc…) e observarmos como a “brincadeira” se desenvolve, qual o “comportamento” de cada personagem, quais histórias serão contadas…
A Fotografia vem sendo utilizada para fins semelhantes e com ótimos resultados.
O Terapeuta Holístico pode contar com um estoque de imagens significativas, tais como estereótipos de figuras parentais (pai, mãe, avós, tios…), de animais de estimação e/ou representativas das mais diversas emoções (alegria, medo, raiva, tristeza…) e situações arquetípicas da vida (trabalho, família, casamento, velório…).
Uma das possibilidades é orientar o Cliente a analisar e selecionar qual mais lhe agrada ou, ao contrário, a que mais lhe perturba.
Por meio de exercícios de imaginação ativa, estimulamos a que se observe quais emoções estas fotos despertam e que se crie histórias, contextos…
Desta forma, o Cliente estará contanto sobre si mesmo, projetando seu psiquismo na interpretação pessoal das imagens.
Outro caminho, que depende da pré-existência, é trazer à terapia, álbuns de fotografias pessoais:
Fotos da infância, reuniões de família, viagens, filhos, animais, paisagens…
Afinal, se foram preservadas, há grandes chances de conter cargas emocionais, que podem ser saudavelmente revividas, em ambiente de consultório.
Inúmeros Fototerapeutas internacionais se utilizam da alternativa de incentivar seus Clientes a fotografarem tudo o que lhes despertar a atenção (positiva ou negativamente…) e trazer às sessões, para servirem de “espelhos” do momento emocional.
Há alguns anos, solicitar tal “lição de casa” seria difícil e custoso, mas, nos dias de hoje, em plena “era do self”, basta um simples celular com câmera para ter à mão mais este recurso terapêutico.
Afinal, não buscamos qualidade técnica nas fotografias, mas sim, o quanto de EMOÇÕES despertam.
Minha contribuição pessoal a este já vasto leque de opções terapêuticas é o de fotografar TAMBÉM no próprio consultório.
É um recurso interessante para casos onde a auto-imagem está distorcida, como por exemplos, pessoas que se percebem excessivamente magras e/ou gordas, ou que não encontrem beleza física em si…
Muitos sequer se reconhecem nas fotos, especialmente ao escondermos o rosto…
Somo a “teatralidade” como mais uma opção nas sessões fotográficas (e também terapêuticas…), disponibilizando fantasias que representem entes mitológicos e/ou estereótipos de nossa sociedade.
O Cliente escolhe as que mais lhe chamaram e atenção e veste, tanto a roupa, quanto a Personagem, sendo estimulado a vivenciar as emoções que a fantasia desperta e criar histórias relacionadas.
Estes procedimentos lúdicos, somados à sessão fotogrática (ou de vídeo…) se mostram ótimos instrumentos a driblar a “censura” do racional, possibilitando à pessoa atendida expor sobre si mesmo, espelhando parte de seu inconsciente com bem menos resistência.
Enfim, como podem constatar, existe mais esta diversidade de ferramentas terapêuticas a somar ao já vasto leque de técnicas de que dispomos como Terapeutas Holísticos!
Dizem que os povos primitivos temiam as fotografias, supondo que suas almas seriam capturadas…
Talvez existe alguma verdade nesta tese ! Pois, ainda que todos sabemos que não “prende” nada… Eu tenho a certeza pessoal de que espelha, SIM, o estado psíquico de cada momento…
E que, justamente por isso, podemos incluir a Fototerapia como mais uma técnica muito bem vinda à Terapia Holística!
Sobre o Autor:
Henrique Vieira Filho é artista plástico, escritor, jornalista e terapeuta holístico. Nas artes, é autodidata e seu estilo poderia ser classificado como surrealismo figurativo.
Por mais de 25 anos, esteve à frente da organização da Terapia Holística no Brasil, sendo presença constante nos meios de comunicação. Elaborou as normas técnicas e éticas da profissão, além de ser autor de dezenas de livros e centenas de artigos, que são adotados como referência em vários países.
Henrique Vieira Filho é artista plástico, escritor, jornalista e terapeuta holístico. Nas artes, é autodidata e seu estilo poderia ser classificado como surrealismo figurativo.
Por mais de 25 anos, esteve à frente da organização da Terapia Holística no Brasil, sendo presença constante nos meios de comunicação.
Elaborou as Normas Técnicas e Éticas da profissão, além de ser autor de dezenas de livros e centenas de artigos, que são adotados como referência em vários países.